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Boa convivência em condomínios: como estimular a vida coletiva

Boa convivência em condomínios: como estimular a vida coletiva

A mãe de um menino portador da síndrome de Down publicou recentemente um desabafo nas redes sociais, em que relata o preconceito de outras crianças no edifício em que a família vive, na capital paulista. Rita Iglesias precisou solicitar que fosse colocado um aviso na área comum, pedindo que os pais ensinem o respeito aos filhos. O caso logo virou notícia e foi compartilhado milhares de vezes, reacendendo uma discussão que remete ao início da verticalização das cidades: como viver em harmonia nos condomínios?

As relações coletivas já são um grande desafio, que aumenta ainda mais para quem vive em edifícios, pois a proximidade entre as residências é maior, além das situações que envolvem os espaços comuns. Nesse contexto, a intolerância surge como a principal causa de conflito entre as pessoas, avalia Dulce Magalhães, que é filósofa, educadora, escritora e palestrante.

“O intolerante acredita que só há uma forma de pensar, viver e fazer as coisas: a dele. Essa é a razão pela qual as pessoas se atritam, quando não conseguem encontrar um ponto em comum entre elas e acreditam que a outra pessoa está errada, julgando sua forma de ser como a única adequada”, detalha Dulce. O egoísmo e a falta de espírito de coletividade, gentileza e preocupação com o bem-estar do próximo são outros pontos destacados pelo psicólogo e síndico Karim Bacha, que já atuou na área de Educação Especial, Psicologia Educacional e como professor de Psicologia.

Gentileza: o sintoma da paz

Assumir uma postura gentil com quem cruza o nosso caminho é um aspecto também enfatizado por Dulce. A educadora cita Bahá’ú’lláh, um sábio persa do século 19, que defendia: a gentileza é o sintoma da paz. “As pessoas que não praticam a gentileza perdem a oportunidade de semear, desenvolver, cultivar e florescer a paz em suas vidas. Não importa qual seja a rotina e os desafios, a gentileza é sempre uma boa resposta, pois nada substitui a paz”, comenta a escritora.

Na convivência dentro dos condomínios, a tolerância ainda surge como um treino imprescindível. “O fundamental é compreender que o condomínio é uma proposta cooperativa. Resolvemos conviver para diminuir os custos, aumentar a segurança e viver em comunidade – esse é o princípio da civilização humana, assim é um processo para aprimorar nossa humanidade”, observa Dulce.

Síndico do condomínio comercial Aplub Visconde, no Centro de Florianópolis, Karim reforça os argumentos da educadora. “Por exemplo, se uma pessoa está falando de forma ríspida ou agressiva, se tivermos a mesma atitude, provavelmente o diálogo não acabará bem. É uma atitude difícil a de conter a agressividade, mas primordial para uma boa convivência”, diz o psicólogo.

Promover uma postura de gentileza e tolerância entre os condôminos é um grande desafio para os síndicos, já que essa questão está diretamente ligada às práticas de cada família. Algumas ações, no entanto, podem estimular os moradores a adotar uma visão diferente na convivência. Segundo Dulce, encontros sociais são sempre uma boa forma de “azeitar” as relações. Ela cita o encorajamento à formação de grupos para praticar atividades físicas, artesanato e culinária, como exemplo.

“Contudo, é importante também ter em conta que nem todas as pessoas têm o mesmo nível de consciência para a interação humana, e haverá alguém intolerante, preconceituoso ou ignorante que pode trazer conflitos – a compreensão de que estes indivíduos estão sofrendo de seus próprios tormentos pode facilitar a aceitação. Todo mundo tem uma história, e à medida que a conhecemos mais, mais compreendemos uns aos outros”, comenta.

Esse tipo de proposta fica mais difícil para Karim, já que o edifício é comercial. Ele, então, adotou um recurso simples e comum em vários condomínios: “coloco avisos nos elevadores explicando ou conscientizando os condôminos sobre o que está acontecendo no prédio. É uma atitude simples e eficaz”, relata o síndico, que também usa as assembleias para ouvir de todos as ideias, sugestões e reclamações. “Enfim, fazer valer seus direitos e serem lembrados de suas obrigações. Lembrar constantemente aos funcionários para que tenham atitudes gentis e solidárias também ajuda”.

 

Dicas rápidas para a boa convivência no condomínio, por Dulce Magalhães

Pequenos atos do dia a dia de síndicos, condôminos e funcionários geram uma sensação de harmonia que estimula até mesmo os mais individualistas. Entre elas: cumprimentar as pessoas no elevador ou com quem cruza nos espaços comuns, ser solidário com os idosos, pessoas com deficiência, ou mesmo na hora de carregar sacolas e segurar o portão de entrada.

Gentileza, podendo o síndico fazer até uma pequena campanha sobre isso, com frases, recomendações, charges, mensagens breves etc., que permitam às pessoas se darem conta do valor da gentileza. Nada como um processo educacional para mudar um comportamento. Promover a realização de atividades em grupo, como para praticar exercícios físicos, artesanato, recreação e até oficinas de culinária ou troca de outras habilidades entre os condôminos.

Atenção aos detalhes do que é importante para cada um do condomínio. Por vezes, detalhes pequenos podem se transformar na causa de grandes conflitos. Ser cuidadoso no dia a dia com o que se fala, com a forma como se age e com as demandas que o outro tem para nós. Um pequeno exercício diário de atenção pode mudar de forma profunda nossa convivência e, consequentemente, nossa própria realização e bem-estar.

Foco na solução é uma forma de sair do conceito de certo e errado, de pensar sobre quem tem razão, e colocar o foco no que desejamos alcançar. Ter clareza que os caminhos individuais podem ser todos válidos, porém, o propósito é desenvolver uma solução sistêmica e global. Nosso cérebro funciona de acordo com nossas intenções. Se treinarmos sistematicamente em buscar soluções, nos tornaremos bons nisso.

(Fonte: CondomínioSC)

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